Pessoal achei um texto bem interessante e de fácil compreensão sobre a internacionalização das empresas. O texto foi feito pelo professor de economia da PUC-SP e doutor pela Unicamp, Antonio Correa de Lacerda.
A internacionalização das empresas brasileiras é um dos aspectos fundamentais para a melhora da qualidade da inserção externa da economia. Há hoje uma pequena elite de empresas brasileiras internacionalizadas, mas isso ainda depende muito delas próprias. O país carece de uma estratégia mais integrada de internacionalização das empresas.
A globalização da economia nos últimos dois decênios criou uma nova realidade competitiva. Os investimentos diretos estrangeiros (IDE), potencializados pelas estratégias de internacionalização das empresas, cresceram da média de US$ 100 bilhões no final da década de 1980 para cerca de US$ 600 bilhões nos anos 2000. Cerca de 30% desse volume é destinado a países em desenvolvimento. O Brasil conseguiu se colocar entre os principais recebedores desses recursos. Nos acumulado dos últimos sete anos, só perde para a China. No entanto, do outro lado da ponta, os investimentos brasileiros no exterior ainda são pouco expressivos.
A questão é que há uma correlação cada vez maior entre IDE, comércio exterior e inovação. As mesmas empresas que têm grande destaque nas operações de internacionalização, são também as líderes no comércio internacional e na geração de inovações. Hoje, mais de 60% do comércio internacional é de responsabildiade das empresas transnacionais. Da mesma forma, a maioria absoluta das inovações, especialmente nas áreas de alta tecnologia, são geradas por essas empresas. A inovação constante passou a ser determinante para a supremacia em um mercado cada vez mais competitivo.
Entre os países em desenvolvimento, a Coréia do Sul é uma boa referência de criação de empresas e marcas globais. Apesar dos problemas, há empresas de origem coreana com atuação destacada internacionalmente, inclusive no mercado brasileiro. As empresas chinesas começam a destacar-se internacionalmente, assim como a Índia é uma estrela potencial.
No Brasil, há várias motivações adicionais para a internacionalização das empresas. A primeira é superar barreiras tarifárias e não-tarifárias às exportações, mediante a produção in loco. A segunda motivação é de ordem econômico-financeira. Gerar receitas em dólares se transforma em uma grande vantagem competitiva, dados o custo das operações de hedge e as oscilações de demanda no mercado doméstico.
A terceira motivação é mercadológica. A melhor forma de garantir competitividade no mercado global é participar efetivamente dele. Isso implica não só exportar, mas criar frentes de produção e de serviços no exterior, instituir canais de distribuição e de divulgação de marcas. É isso que vai ajudar a agregar valor às exportações e fortalecer nosssas empresas.
Assim como o Brasil precisa de investimento externo para complementar o investimento interno, é fundamental criar empresas brasileiras de dimensão global. Daí a importancia de elaborar uma clara estratégia nesse sentido e eliminar os gargalos, para que as empresas brasileiras possam ampliar seus investimentos no Brasil e no exterior.
Para isso é muito importante fortalecer o mercado de capitais como uma alternativa de capitalização das empresas, o que pode ser complementado com linhas especificas do BNDES para esse fim. Da mesma forma, é preciso reformar o sistema tributário, eliminando os efeitos cascata e desonerar investimentos, assim como diminuir os entraves burocráticos para a atuação das empresas. O Brasil pode ser muito mais conhecido no exterior. Para além do futebol, carnaval e samba, com suas marcas e empresas de sucesso!
Postado por Mikhael Maluf
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